João Carlos M. Madail
Importância da China para a economia do Brasil
João Carlos M. Madail
Economista, professor, pesquisador e diretor da ACP
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Com a abertura econômica, a partir de 1976, a China é a economia que mais cresce no mundo, depois de passar por longo período de desenvolvimento socioeconômico baixíssimo, e já desponta como a principal economia do mundo capitalista. O grande motor da economia chinesa está ligado diretamente aos cenários políticos que marcaram o país na década de 1970, quando Deng Xiao Ping assumiu o poder e promoveu uma ampla abertura de mercado, com a instalação de empresas estrangeiras que viram no mercado chinês uma grande oportunidade de negócios.
Do ponto de vista comercial, a China tem sido vital para a economia brasileira, visto que é o principal destino de metade dos dez produtos mais exportados pelo Brasil, entre eles soja, minério de ferro, carnes, petróleo, celulose e itens alimentícios. Por outro lado as exportações desses produtos são consideradas vulneráveis no longo prazo, por não serem diversificados e de baixo valor agregado. Os quatro principais produtos exportados pelo Brasil (minério de ferro, soja, óleo cru e proteína animal) responderam por 87,7% do total das exportações em 2021.
Em contrapartida, as importações de produtos chineses para o Brasil são altamente diversificadas, com predominância de produtos manufaturados e com um alto índice tecnológico. Um dos principais itens importados da China pelo Brasil (equipamentos de telecomunicações) representou apenas 5,9% das importações. O setor de commodities brasileiro, componente importante da economia brasileira, representou 68,3% das exportações brasileiras apenas no primeiro semestre de 2022 e tem contribuído para o aumento das reservas internacionais que o país possui hoje, a sétima maior do mundo, que somou 346 bilhões de dólares em abril de 2023. Mesmo pujante, o setor de commodities brasileiras tem alta concentração de riqueza, paga poucos impostos e está sujeito a mudanças cíclicas, sejam naturais ou econômicas, além de causar danos ambientais, que tem sido controlado pelas autoridades.
Nesse sentido, foi importante a iniciativa do Cofco internacional _ o maior comprador de alimentos brasileiros na China _ de monitorar e proibir a compra de soja plantada em áreas de desmatamento ilegal no Brasil a partir de 2023. A preocupação chinesa com os recursos naturais do Brasil faz sentido, pois precisa dos produtos brasileiros para o seu desenvolvimento e o Brasil precisa do mercado chinês para direcionar as suas commodities.
A parceria econômica Brasil-China dá sinais de continuidade. Os investimentos chineses no Brasil têm um perfil semelhante às exportações. Em 2021 o Brasil recebeu o maior número de investimentos chineses no mundo, totalizando 5,9 bilhões de dólares, ou seja, 13,6% do total global. No período de 2005 a 2021, o Brasil foi o quarto maior receptor mundial de investimentos chineses, atrás apenas dos Estados Unidos (14,3%), Austrália (7,8%) e Reino Unido (7,4%). Esses investimentos da China contribuíram sobremaneira para a economia brasileira, com tendência a se manterem em função do bom relacionamento político entre os dois governos. Em recente viagem do presidente brasileiro à China, no encontro com Xi Jinping foram assinados 20 acordos bilaterais referentes a negociações comerciais. Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre), no primeiro bimestre de 2023, a Ásia liderou entre os destinos das exportações brasileiras, com a participação de 39,2% somente da china.
Não dá para descartar essa parceria, afinal o PIB da China é superado apenas pelo dos Estados Unidos, o segundo parceiro comercial que mais movimenta a economia brasileira. No entanto, em te
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